terça-feira, 21 de setembro de 2010

Um dia ...


Não vou dizer aquilo que não quer ouvir
Para não ferir você
Sei que as palavras de minha boca são duras
Mas não são pra valer
Sei que não tem jeito
Mas vou tentando mesmo assim
E carregando a dor de ver o que nem começou
Próximo de ter um fim

Estamos longe,
Longe, muito longe
Pra tocar o céu

Mas um dia virá
Que nós dois seremos um
Dia virá

Todos já sabem o que sinto por você
Só você não vê
Basta ouvir a tua voz
Para o meu corpo estremecer
Sei que esperando
Eu não vou te convencer
A vir até a minha boca
E ver o que pode acontecer

Estamos longe,
Longe, muito longe
Pra tocar o céu

Mas um dia virá
Que nós dois seremos
Um Dia virá

E quando esse dia chegar
Iremos tocar o céu
Com as mãos e com o coração.

Escrevendo .


Cabeça fervendo ... cheia de idéias =) ...

Capitulo IV.


Uma Floresta Atribulada

Wordz lá parado, à porta da ferraria como se já os esperasse, não intimidou a corajosa Loren, que o encarou diretamente enquanto um trêmulo Markus lhe entregava a espada. O centauro por sua vez recolheu a arma e entregou um saco cheio de moedas ao rapaz quase que o ignorando.

– Não esperava que a espada fosse me trazer também a presença de uma jovem cuja ancestrais as forjaram.

– Tristes acontecimentos me tiraram de minha floresta. Sem historias a contar, estou a procura da Rosa Azul, me diga o que sabe.

– Ah! A também conhecida como flor dos desejos, acredite elfa, muitos já definharam buscando essa lenda. Nem mesmo posso lhe afirmar se é verdadeira.

– Me disseram que sabe como encontrá-la. Tem que me contar, eu preciso.

– O que sei sobre a rosa em nada pode lhe ajudar, – disse o centauro se virando aparentemente para pegar alguma coisa – não vai ser uma busca fácil, vai ter que mexer no passado e muitos podem não aprovar essa idéia. É uma lenda que já atravessa milênios, até onde sei e só uma pessoa chegou perto de encontrar a bela flor. Hoje essa pessoa vive escondida numa floresta, está lá há incontáveis anos. Talvez vá gostar da visita, talvez não. Mas escute com atenção: esteja ciente que muitos já perderam suas vidas buscando tal flor. Quer mesmo fazer isso?

– Se não encontra-lá, definharei do mesmo jeito e perderei minha vida. Não questione minha coragem. Diga, onde posso encontrar essa pessoa?

– Saia de Hal pelo portão sul e dirija-se à oeste, para a floresta. Leve provisões e armas, vai ser uma longa e perigosa viagem. Saiba que tal missão pode lhe custar mais que a sua vida – ele olhou para Markus que não parecia confortável com aquela conversa.

– Espero que não seja de mim que esteja falando centauro! – Markus que até então assistia calado, entra na conversa.

– Sim, aspirante a feiticeiro, você vai descobrir mais sobre você mesmo e sobre este livro que tenta esconder – instintivamente Markus agarrou-se mais firme ao pequeno objeto de capa preta.

– Eu me recordo das histórias na vila que falavam de você… de um centauro – Loren corrigiu-se. – Você pode ficar com a espada, por ora, tenho coisas mais urgentes a resolver.

Um silêncio tenso tomou conta da cena. As pessoas de Hal não passavam perto da ferraria, que ficava quase no bosque lateral ao muro sudoeste da cidade. Quando Wordz estava na porta, passavam sem o olhar. Agora alguns arriscavam olhares afoitos – nunca ninguém falou com o centauro sem abaixar a voz e a cabeça – esperando o momento em que ele esmagaria a elfa imprudente. Ao invés disso, esboçou um leve sorriso. Virou-se sem aviso e entrou em silêncio para sua oficina de metais, sem ser seguido pelos visitantes e carregando consigo a espada.

Loren apressou-se em sair da cidade e chamou Markus. Ele a seguiu sem reclamar, embora soubesse que não poderia se virar sem provisões e afins tão bem quanto a elfa. Era movido pelas palavras do centauro, por gratidão a Loren ou por pura curiosidade. De fato precisava ir com ela. Precisava descobrir o que se escondia na mal falada floresta oeste e uma vez mais, não sentiu medo. O frio que levava no estômago era mais expectativa e curiosidade que qualquer outra coisa.

Ninguém os incomodou, exceto pelos olhares e comentários abafados do tipo “um elfo e um humano juntos”. Não se detiveram e passaram até mesmo pelos guardas sonolentos do portão sul. Em pouco menos de uma hora, a campina amarelada de vegetação baixa, escassa e retorcida já anunciava que daria espaço ao oceano de altas árvores de copas densas que formava a Floresta do Oeste.

Não havia estrada. Os humanos não se atreveram a desbravar essa lendária mata. Mitos recheavam os poucos que dali voltaram. A estrada “oficial” passava longe, à sudoeste. Isso não era problema para Loren e se não o era para ela, também não haveria de ser para Markus – assim pensava o humano.

Como em outros momentos tensos, folheava o velho caderno de seu pai e seguia a elfa o mais rápido que podia. A noite chegou mais rápido e só quando Loren parou sob uma árvore de frutos que Markus desconhecia é que ele se deu conta do quanto havia andado e como doía seus pés cheios de bolhas e suas pernas finas quase sem pelos.

Quando a luz abandonou completamente o dia, os improváveis companheiros de viagem já haviam montado acampamento, que se tratava na verdade apenas de uma fogueira, já que não tinham absolutamente nada para se cobrir durante a noite. Loren não parecia mesmo interessada em uma noite de sono. Mantinha um olhar preocupado, observando tudo que pudesse estar se movendo ao seu redor.

Em pouquíssimo tempo, cansado, Markus foi pego pelo sono. Encostado ao tronco da arvore e abraçado à aquele livro que despertava em Loren certa curiosidade, pois o semi-homem o lia quase que o tempo todo, o que de certa forma Loren gostava, já que mantinha ele ficava em silêncio. Nunca esteve tão longe de casa, tinha medo de que perigos aquela floresta, conhecida pelos elfos por floresta do pesadelo, poderia lhe apresentar.

A escuridão e a companhia muda de Markus, que dormia levaram a mente de Loren pra longe dali, até Alzegrim, onde seu avô esperava seu retorno, onde esperava voltar com a Rosa Azul. Lembrou-se das palavras do centauro, ninguém ainda havia encontrado a Rosa.

A mente te Loren pára de vagar quando ouve passos pesados por perto, lança um olhar ao humano que dorme ignorando qualquer perigo. Os passos se tornam ainda mais pesados e menos distantes.

- Acorde Humano!

Markus resmunga alguma coisa, vira pro outro lado e continua a dormir. Inútil! – pensa Loren – já com o arco armado enquanto a criatura vai se aproximando e tomando forma. Os tremores agora fortes fazem Markus despertar a tempo de ver o maior troll que sua curta vida humana permitiria. Tinha cerca de três metros, era absurdamente gordo e carregava nada menos que um tronco de árvore que brandia ameaçadoramente para os dois.

Enquanto esperava o ataque, Loren observava o monstro detalhadamente, mania que tinha em combate – apesar de muito sujo, a criatura era bem branca, dona de braços absurdamente longos e fortes. Vestia um farrapo de couro de algum animal grande e carregava a arma na mão direita, com quatro dedos sujos e grossos de base.

Os pés chatos feridos da criatura deram impulso ao ataque, desferindo com a clava improvisada um golpe vertical, que ela desviou em um salto lateral. Por sorte Markus estava do outro lado – não sabia se ele podia evitar esse ataque tão fácil.

As duas primeiras flechas da elfa saíram muito rápido e viajaram quase juntas, atingindo em cheio o peito do troll, o que só serviu pra deixá-lo mais irritado. A pele era dura como a madeira com a qual ele fez um ataque mais “esperto”, batendo dessa vez na horizontal, na altura do abdome de Loren, no entanto sem velocidade para atingi-la. Esquivou se abaixando e rolando – por sorte a criatura não era muito esperta.

Markus pulou para trás, pois o segundo ataque quase o atingira, mesmo não estando perto de Loren e caiu sentado no chão. O monstro deu um passo para atingir a moça que, ainda no chão, desferiu uma flecha certeira, que viajou rápida e o atingiu por baixo do queixo. Girou para se levantar e tomou um baque surdo da madeira, que o troll agitava desgovernadamente, atingido em uma parte sensível. Ela levantou-se dolorida, sem dificuldade e sem sangrar – o que mostrava sua “fragilidade élfica” – e gritou para Markus:

– Mantenha-se longe e abrigue-se nas árvores! – O humano a obedeceu e, apesar do estardalhaço furioso, o gigantesco troll tombou entre espasmos e urros. Em poucos minutos estava imóvel e os dois tiveram que mudar o acampamento, para que o sangue da criatura não atraísse mais problemas.

Markus ficava a cada minuto mais abismado com a força da Elfa. Não é todo dia que alguém derrota um Troll sem tanta dificuldade. Devia haver algum motivo muito forte pra ela ir tão longe por sua busca.

– Porque procura tal rosa? – pergunta Markus reunindo mais coragem do que acreditava ter.

– Esse caderno que sempre carrega, deve lhe fazer recordar de alguém importante, não? – Loren responde com uma voz inesperadamente suave – se para você que é mortal é ruim, imagine viver a eternidade sem … – não teve tempo de terminar de explicar seus motivos: uma voz cortante e fria a interrompeu e ao mesmo tempo em que se virou e viu de quem se tratava, seu coração élfico gelou.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cap.III . O humano , a Elfa e o buraco.


Por volta do meio-dia, a vegetação já não era tão densa e logo Loren se viu uma vez mais na estrada dos homens. Seguindo por ela em algumas horas estaria novamente em Hal, pequena cidade onde as mais variadas espécies se encontravam, na maioria das vezes para fazer negócios de todos os tipos. Ali deveria procurar pelo centauro Wordz. Enquanto não chegava o pensamento ainda se mantinha em sua família. Perdeu vários dias procurando pistas sobre a rosa azul fora de Alzegrim, inclusive em Hal e agora que ouviu sobre o centauro, precisava visitá-lo.

Pensar sobre sua família a fazia prender-se a questão da imortalidade. Para um elfo, encarar a morte é a maior dor do mundo, já que no geral são imortais, exceto caso sofram ferimento fatal. Fora uma dor imensa para Loren perder sua mãe, seu pai estava distante e não se perdoaria se não conseguisse salvar seu avô.

– Aqui, ajuda!

Com um susto se libertou de seus pensamentos. Os gritos vinham de dentro de um buraco na margem esquerda da estrada. Já com o arco armado se aproximou do que parecia uma armadilha de caçadores e apontou…

– Por favor, não me mate!

Era um humano ou quase. Devia ser jovem. Uma criança para os padrões élficos.

– O que faz aí embaixo criatura? – Disse Loren, mais calma agora. Não tinha visto ou falado com muitos humanos durante sua pequena longa vida, mas eles divertiam-na bastante com seu jeito apressado e incomum de encarar as coisas da vida e seus acontecimentos atribulados.

– Eu… caí aqui dentro sem querer. Minha perna está doendo. Pode me ajudar moça?

– Não sei se devo. Você é um estranho e sempre fui educada para evitar estranhos – Loren quase ria. Pensou melhor e viu que era maldade brincar com alguém naquela situação. Valendo-se do conhecimento de sua raça sobre áreas selvagens, não foi difícil localizar uma árvore onde crescia uma trepadeira parasita, que serviu-lhe de corda para içar o estranho de dentro do buraco.

– Pelos deuses moça, me ajude! Estou aqui por horas, não consigo me mover muito. Tem muitos insetos nesses buracos, sem falar no cheiro e na lama…

– Pela deusa digo eu! – Loren jogava agora a corda improvisada para que o estranho subisse. – Você fala mais que o xamã em noite de ritual! Agarre-se à corda e não solte. Vou tirá-lo daí.

Quando terminou de ser puxado pelo buraco, o rapaz olhou com espanto para a elfa, que parecia não fazer nenhum esforço para sustentar seu peso. Ela o reconheceu mas não poderia dizer nada, já que ele não a tinha visto na floresta dias atrás. Um silêncio estranho pulsou entre eles por algum tempo.

– Para onde você vai? – começou o humano – Não sabe que é perigoso pra uma moça ficar sozinha na estrada dos humanos?

– Corro risco de “cair” em um buraco? A propósito não precisa mesmo agradecer – Virou-se sem mais satisfações e continuou seu caminho.

– Espera, é sério, tem uns bandidos perigosos por ai…

– Acho que não caiu naquele buraco não é?

Nesse momento Markus emudeceu – o centauro o mataria se soubesse que lhe roubaram a espada.

– Preciso procurar uma coisa, obrigado pela ajuda – dizendo isso Markus tomou o sentido oposto a Hal, indo o mais rápido que podia.

Loren ficou com a impressão de que ele provavelmente escondia algo. Resolveu não julga-lo precipitadamente porque estaria agindo como um humano. Seguiu-o silenciosamente até o entardecer e notou que seguia um rastro de cavalo. Uma fumaça típica de acampamento denunciou aonde ia.

Havia três homens grandes de porte bem “forte” sentados em volta de uma fogueira. Logo atrás três cavalos pastavam tranquilamente, sendo os primeiros a notar a presença de Markus.

O jovem humano, de frente para os três homens – que não viam ameaça nele e permaneceram tranqüilos – murmurou algumas palavras e atirou algo ao chão que fez os três grandalhões rirem, mas por pouco tempo. Segundos depois uma raiz brotou da terra e prendeu o da direita ao chão.

– Vim buscar o que tiraram de mim. – falou Markus com a voz firme, duvidando se teria sido realmente uma boa idéia encarar o problema tão de frente.

– Tente pegar – disse o do meio já desembainhando a espada élfica furtada.

Loren conhecia aquela espada. E o vislumbre dela fez com que saísse de seu esconderijo e ficasse entre o homem e o garoto.

– Ora, mas que coisinha mais linda – começou o cavaleiro da esquerda.

– Quer mostrar um pouco da arte élfica minha boneca? – disse o outro homem. As coisas iam esquentar agora.

O primeiro carregava uma maça de guerra e o segundo a arma que levou ao impasse. Pelo jeito como se vestiam dava pra notar que andavam por aí saqueando viajantes incautos. Eles avançaram para a elfa que se irritava ao imaginar o que eles andaram aprontando, dificultando a vida de pessoas como Markus. A espada responsável por aquele “encontro” era uma raridade élfica perdida há séculos. Loren não se perdoaria se não recuperasse parte da história de seu povo que estava bem ali. O jovem humano com certeza devia algumas explicações.

– Vocês querem ver arte élfica? Vocês verão. – com muita habilidade armou o arco com uma de suas preciosas flechas. Os cavaleiros não demonstraram medo e estavam cada vez mais perto quando, sem saber exatamente porque, Markus colocou-se na frente dela, avançou para o lado do cavaleiro que portava a espada e o atingiu com um soco, desequilibrando-o, mas pela surpresa que pela força do golpe. Seu companheiro rapidamente o defendeu, acertando o braço esquerdo de Markus com a pesada maça. Loren estava perplexa, já que não esperava tal atitude de um garoto humano. Markus estava muito machucado pelo golpe e o próximo ataque o mataria, então a elfa disparou sua flecha contra o ladrão, acertando-o em cheio no peito e levando-o ao chão. Não estava morto.

Para sorte do imenso delinqüente, sua veste de malha de aço se mostrou bastante útil impedindo a flecha de lhe fazer mais que um pequeno corte. De qualquer forma aquilo assustou aos três que fugiram deixando a espada e o cheiro de um belo cozido.

Os dois improváveis companheiros decidiram então se apossar do acampamento dos três valentões usufruindo de seus sacos de dormir e até mesmo de sua comida. Passaram alguns minutos comendo sem muitas palavras. De certa forma Markus tinha algum receio de iniciar uma conversa com a elfa que lhe pareceu tão assustadoramente valente.

– Onde conseguiu essa espada? – perguntou por fim Loren quebrando o silêncio.

– É uma encomenda. Apenas fui buscá-la onde me indicaram que estaria. Ela é muito bonita não acha?

– Quem lhe mandou ? – perguntou ignorando o comentário do garoto.

– Eu não posso dizer, não sei se ele gostaria que eu – antes da frase sair por completo Loren já apontava a mesma espada em direção ao pescoço de Markus.

– Eu acho que ele não se importaria.

– Por favor, foi Wordz, o centauro. Todos têm medo dele.

– Têm é? – respondeu Loren seca – Meus parabéns garoto, acaba de ganhar escolta até Hal.

Aproveitaram o resto do dia para fazer a pouca distância que os separavam da cidade dos humanos e foram em silêncio. Loren pensava sobre o que o garoto lhe dissera e sobre seu indefinido companheiro de viagem de quem ainda não sabia o nome e que era, ora corajoso como um elfo, ora covarde e indeciso como um ladino. Markus imaginava se essa moça de aparência tão doce e frágil seria a mesma que o puxara do buraco tão facilmente e encarava os ladrões da estrada com mais coragem que muitos dos soldados beberrões de Hal.

Nesse ritmo, chegaram na cidade sem se falar e o silêncio entre eles foi quebrado apenas quando a elfa exigiu que ele a levasse até o centauro. Depois de atravessar quase toda a cidade, avistaram a ferraria e na porta dela, a figura imponente de Wordz.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Entre as folhas ( Capitulo I ) " A lenda "


Entre as Folhas

Ainda era dia e mal se notava a luz do sol naquele ponto da floresta. Para um humano entrar e ir tão longe em Alzegrim era preciso coragem visto que os elfos não costumavam tolerar a presença deles em suas terras. A relação entre elfos e humanos nunca foi das melhores. Havia séculos que não acontecia nenhum conflito entre eles e apesar das guerras terem ficado muito tempo no passado, não se podia ver membros das duas raças de conversa por aí em qualquer lugar. Para os seres da floresta, os humanos não passavam de criaturas gananciosas e egoístas que não mereciam nem mesmo os poucos anos de vida que não sabiam aproveitar.

Loren observava por entre as árvores o corajoso jovem que entrara ali em busca de ervas. Nada que pudesse causar danos à floresta seria conveniente e a última coisa que se podia querer era um confronto com eles, o que era totalmente inviável atualmente. E por tal motivo ainda era tolerada a presença dos poucos que ali entravam. Pra evitar conflitos.

O humano não pôde perceber a presença de Loren, contudo olhava desconfiado em todas as direções. Dava pra sentir o cheiro do medo. Era aparentemente jovem, estatura média e roupas rasgadas, não carregava consigo nenhuma arma. O cabelo era muito liso e castanho, ralo, caía sobre o rosto e grudava na testa úmida. Não era mais que um garoto pobre, vestes um pouco rotas e chinela de couro bem gasto. Seja qual fosse sua motivação para encarar a floresta, deveria ser nobre como contava o avô da elfa sobre humanos de tempos passados. Um humano poderia ser realmente nobre? Divagava enquanto observava silenciosa a cena.

A uma distância não muito longa Loren pode vê-lo arrancar algumas ervas que brotavam em cantos escuros. Eram realmente ervas medicinais e de certo modo isso lhe trouxe alívio, sem saber bem por que. Entendia seus motivos ou pelo menos achava que sim. Sempre carregou consigo um sentimento desconfiado para com os humanos, achando-os um tanto quanto curiosos. Das copas das árvores mais altas, podia ver o movimento deles festejando em Hal. Loren não tinha nada para comemorar. Porque então essas criaturas que não chegam a viver cem anos têm tanto motivo pra festa? Talvez morrer seja algo bom? Sempre se perguntava.

Depois de encher uma pequena bolsa com ervas do mesmo tipo, o jovem já caminhava em direção a saída. Havia por ali um pequeno caminho que levava a estrada dos humanos e conseqüentemente a Hal. Loren o observou até que saísse da parte mais densa da floresta. Acompanhou-o por cerca de duas horas, deixando-o ir sozinho… Pelo menos essa era a intenção. Já havia se afastado cerca de vinte minutos de onde abandonara o humano e percebeu que em sua cabeça ainda tinha a figura dele quando chegava ao interior da parte da floresta onde residiam os primeiros elfos.

Sentada à sombra do sobreiro do lago das folhas, Loren remoía as possibilidades de ajudar seu avô, único membro vivo de sua família, atacado por uma grave doença desconhecida até mesmo pela sabedoria ancestral dos elfos. De todas as histórias que Loren ouvia seu avô contar, nenhuma a fascinava mais do que a lenda da rosa azul. Muitos aventureiros já haviam sumido no mundo a procura de tal flor. Segundo a lenda aquele que a possuísse teria aquilo que mais desejasse e não havia nada que desejasse mais no momento do que salvar seu avô. De que vale ser imortal ao tempo quando a vida nos leva embora de outras maneiras?

Os pensamentos da jovem elfa fluíam e sua angústia aumentava cada vez mais. Ansiava por fazer algo mesmo depois dos mais antigos e sábios curandeiros élficos darem por encerrado o assunto. O vento soprava o velho carvalho e jogava as folhas mais velhas sobre a água do lago de águas escuras que se escondia mais adiante sob as rochas cobertas pela terra e capim. Soprava ainda os finos cabelos lisos da elfa sobre sua pele alva. A beleza natural dos elfos se mostrava claramente em Loren e dava uma errada impressão de fragilidade. Amava tudo aquilo como todo elfo ama sua casa, sua floresta natal e mais ainda seu avô. Era preciso fazer alguma coisa, algo que estaria fora da vila élfica.

Loren sabia muito bem que nenhum dos outros aprovariam a idéia de sair da floresta a procura de uma cura. Se Alzegrim não pode curar, nada mais pode. Mas algo dizia que ela devia procurar. Estava decidida a salvar seu avo. Caso não conseguisse não imaginava mais um sentido pra sua vida e isso tornaria sua imortalidade uma maldição.

Uma vez quando ainda era criança, seu avô a levou para floresta, na parte escura onde só os mais corajosos adentravam. As folhas mal se mexiam e a escuridão tomava de conta do lugar. Foi a primeira vez que sentiu medo. Se agarrou nas pernas do avô e pedia pra voltar para casa.

– Não podemos voltar, todos contam com nossa coragem. Alguém ali dentro precisa de ajuda.

– Quem?

– Você vai ver quando chegarmos lá.

Caminharam com cautela mais alguns minutos. Floresta estava cada vez mais densa e o pequeno coração de Loren mais agitado. Embora ainda estivessem nas primeiras horas do dia uma escuridão assustadora preenchia o lugar. O caminho já havia se tornado estreito o bastante pra fazer que o velho pegasse Loren no colo.

– Chegamos.

Sem que Loren notasse se aproximaram de uma inusitada clareira em meio a todo aquele ar fantasmagórico da floresta. O medo de repente se vai quando a luz do sol encheu os olhos.

–Vamos nos aproximar querida, é importante que veja bem.

No meio da clareira havia uma árvore imensa. O que assustava nela não era seu tamanho e sim o rosto preso em seu tronco, como se um ser humano tentasse tirar a cabeça para fora da árvore, paralisado e endurecido ali indefinidamente.

– Uma vez, um homem normal quis ter mais poder que Alzegrim. Se juntou a outros homens e tentou atacar a floresta. Muitos elfos morreram naqueles dias. Mas como todos sabem o mal nunca pode vencer. E o espírito de Alzegrim se encarregou dele. Por hora é tudo o que você deve saber.

– Ele vai ficar assim para sempre vovô?

– Não se sabe, talvez um dia ele se arrependa e o espírito o liberte, talvez não.

Junto com essas lembranças vieram as lagrimas que Loren nem mesmo se preocupou em enxugar. Tinha medo de perder seu avô. E essa dor não suportaria. Voltou pra aldeia decidida salvá-lo a qualquer custo.

As recordações deram lugar a uma idéia fixa que movia a elfa agora. Deixou sua cabana na vila élfica arrumada e fechada, levando consigo apenas suas roupas, o arco de madeira feito por ela mesma e a aljava de flechas que uma vez pertencera ao seu pai. Saiu discretamente por entre às árvores, evitando as crianças que ali brincavam e os adultos que moravam nas proximidades. Passou uma última vez pela margem do lago das folhas e o observou com carinho como em despedida, imaginando se voltaria em breve para casa. Precisava voltar pelo seu avô e pelos próprios elfos. Se a doença dele se espalhasse toda a vila corria risco de desaparecer em poucos anos. Rumou para sudoeste, para a estrada dos humanos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Escrevendo ...


em breve próximos capitulos ...

A lenda da rosa azul ... por mim !

Era mais um jovem rapaz pobre e sem sorte que vagava pelas ruas de Hal, a extenuante cidade dos humanos, a mais próxima de Alzegrim e de onde se podia ver o mar, embora não ficasse exatamente na praia. Branco, de cabelo castanho liso, curto e ralo, aparentava ser um menino ainda e andava apressado carregando sua bolsa de ervas. Tinha vontade de gritar que veio de Alzegrim para toda a cidade, mas sabia que não acreditariam nele. Talvez os elfos não fossem os monstros que diziam. De qualquer modo, a bolsa de ervas precisava ser entregue ao estalajadeiro conforme solicitado. Era assim que Markus sobrevivia – de pequenos serviços para as pessoas de Hal – serviços às vezes arriscados demais para pessoas que davam valor à própria vida. Não que fosse um suicida ou herói. Era só um rapaz sem família e sem razão pra viver. Contava com a sorte sempre que ia em alguma de suas “missões” e era tão conhecido como garoto de serviços quanto ignorado nas ruas como pessoa. Pelo menos os guardas não o importunavam mais. Nem os maus elementos conhecidos.

Perambulava pela praça da feira sul quando percebeu que as pessoas a sua frente corriam pros lados apressadas em abrir passagem. Poucas pessoas causavam essa situação e Wordz certamente era uma delas. Não que fosse exatamente uma pessoa.

E em meio à multidão parecia um homem bem alto e quando essa se dispersava é que se podia notar que se tratava de um dos raros centauros. Era o único que habitava Hal, onde ganhava a vida como ferreiro.

Rapidamente todos já haviam se dispersado e Markus pôde ver claramente aquele meio homem que se aproximava dele. A parte humana exibia fortes músculos que já assustariam mesmo sem contar com a ainda mais forte parte cavalo. Só quando chegou mais perto Markus pode notar algumas tatuagens e o enorme cabelo branco em trança única.

– Tenho um destino para você que faz serviços.

– Sim, sou eu – respondeu olhando de baixo pra cima a imponente criatura de dorso rajado, que lhe dirigia a palavra.

Markus, que nunca recusava até mesmo as ninharias que os mercadores pagavam pelas ervas, se sentia atraído por qualquer quantidade de moedas. Precisava comer, como todos, além de pagar quinzenalmente pelo quarto na pousada.

– De quantas moedas de prata estamos falando?

– Talvez devesse perguntar antes de que serviço se trata.

– Sim… claro – respondeu embaraçado.

– Preciso que vá até as ruínas da velha cidade que está entre Hal e Alzegrim e me traga uma espada forjada pelos elfos.

Obviamente Markus ignorava por completo a existência de tal espada e sabia também, como era de conhecimento geral, que a vila era evitada por causa dos cavaleiros caídos.

– Eu não recusaria serviço. Mas não vou arriscar meu pescoço por poucas moedas.

– Acredite, vai gostar da recompensa.

– Espera aí. Você é grande e forte. Porque não vai pessoalmente buscar sua espada?

– Não gosto de lutas e não sairia da cidade por tão pouco. Você dá conta do serviço.

– Ta bem. Estou a caminho – disse Markus virando as costas e se dirigindo ao estalajadeiro a fim de entregar as ervas. Wordz parecia esconder algo importante.

Quando a praça “voltou ao normal” com seus vendedores, compradores e ladinos, Markus dirigiu-se à saída norte de Hal. Folheava seu velho livro. Não conseguia compreender tudo que ali estava. Na verdade, quase nada. Havia no livro trechos escritos na língua comum dos humanos, como observações. Era isso que ele procurava às vezes, pois lhe fazia sentir como pensava seu pai que mal conhecera. Encontrou um trecho que já havia lido, sem dar atenção completa.

O limite entre glória e desgraça só existe na cabeça de cada um e para os caídos, a glória foi a desgraça. A luz deixou de iluminar quando o olho se tornou negro para todo o sempre e triste do que é vivo diante da espada daqueles que um dia defenderam a todos.”

Fechou o livro e continuou devagar. O receio pelo incerto era ludibriado pelas palavras do livro que remoía ao caminhar cada vez mais depressa na direção do seu destino. Seus companheiros, o velho alforje de couro onde carregava ração e um cantil de ferro quase enferrujado, que ele carrega desde que se lembra, serviriam para ajudar a fazer os três dias que o separavam das ruínas.

A trilha que o levaria ao seu destino era por algumas horas a mesma de Alzegrim até em determinado ponto onde pegou um solitário desvio à esquerda e caminhou por ali por mais dois dias, valendo-se da ração que trouxera e da capacidade de sobreviver com o que encontrasse. Por vezes simplesmente esquecia o que o preocupava e dedicava-se simplesmente a andar até seu destino.

Ao amanhecer do terceiro dia, um novo ânimo tomava conta do garoto-homem. Dormiu na floresta e a noite transcorreu bem. Com o canto dos pássaros e a primeira luz do dia, veio à memória de sua recente estada em Alzegrim e a sensação de estar sendo observado ali. Uma sensação de que havia algo errado naquilo que lhe ensinaram sobre os elfos passou a perseguir seus pensamentos desde então. Envolto quase perdido nesses mesmos devaneios, nem mesmo percebeu que já estava bem próximo das ruínas. Deve ter sido uma grande cidade esse grande cemitério e pedras e escombros imundos, escondidos sob a densa camada branca de neblina que permanecia parada, dando um ar fantasmagórico àquele ambiente. Sentiu medo.

Não era medo da morte. Era um medo diferente, cheio de expectativa. Respirou fundo e embrenhou-se na neblina. Estava agora dentro do território dos caídos, seja lá o que isso quisesse dizer.

O silêncio dominava o lugar, a densa neblina impedia de ver mais que alguns palmos à frente. Tudo o que Markus podia ouvir era o som de seus passos além de seu próprio coração. Em todas as direções do lugar, só havia paredes derrubadas, armas enferrujadas ao chão, cenas de guerra.

Dava passos lentos seguindo pelo que parecia a entrada da cidade. Pensava sobre o tempo em que ainda havia vida ali, quase podia ver as pessoas vendendo e comprando coisas no mercado. Estava longe do jeito de pensar de Markus entender os porquês da guerra.

Estacou de repente, havia pisado em algo e fez barulho. Droga vão saber que estou aqui. Notou que era uma espada velha e enferrujada, feita por homens e decidiu levava embora soubesse que em suas mão não era de muita ajuda.

Ao contrário do que pensava chegou ao local indicado pelo centauro sem muitas dificuldades, havia atravessado uma pequena ponte que o levou pra antiga parte nobre da cidade. Continuou em frente e logo encontrou a entrada do cemitério. Seguindo as referências encontrou o único túmulo sem nome ali.

Sem grande esforço desenterrou o falso caixão e retirou dali a mais bela espada que seus olhos mortais haviam contemplado. Toda essa admiração logo foi interrompida quando ouviu cavalos trotando.

Os caídos, droga tinha esquecido deles.

Pendurou a espada nas costas e se pôs a correr, mesmo sabendo que de nada adiantaria, seria pêgo. Corria desesperadamente em direção a saída. Mal saiu do cemitério quando avistou três grandes e imponentes homens vestidos com imensas túnicas negras. O do meio carregava uma imensa espada nas costas, enquanto o da direita trazia praticamente pendurada no braço uma grande e pesada maça e o da esquerda já apontava um arco para Markus.

Eu vou morrer.

Por sorte se abaixou bem a tempo de não ser atingido pela primeira fecha que veio zunindo e desapareceu no ar. Voltou a correr, seguiu pelo antigo mercado enquanto abria o livro de seu pai, mesmo que no fundo não soubesse ao menos sobre o que procurar.

Escondeu-se atrás de uma pilastra, evitando fazer barulho. Os cavaleiros passaram direto em direção a saída.

O que meu pai faria agora?

Lembrou-se de seu pai falando dos Caídos, eram guerreiros amaldiçoados, que não podiam ver a luz. É isso! Abriu então o velho caderno de seu pai, e procurou pela pagina que havia visto mais cedo. Numa nota de rodapé feito com escrita rudimentar viu a fórmula de um feitiço bem simples.

Em duas ou três tentativas conseguiu formar uma esfera de luz muito fraca. Com a qual atravessou tranquilamente a cidade. A névoa parecia abrir caminho para à luz. Como que a temendo. Dos cavaleiros nem mesmo rastro, porém Markus tinha a sensação que ainda os veria outra vez.

A minha marca


Lembranças(Rosa De Saron)
Meu dia se foi,
E a noite vem trazer
Memórias do passado,
Lembranças de você
Não pense que eu te esqueci
Eu estou aqui!!

Sem sono e sem frio
São 4:10, 4:10 da manhã
Tudo bem...
Eu tomo um café
Fico de
Abro a janela
E grito bem alto e forte



Aonde você
Estiver, estarei
Esperando que esteja
Esperando também
E saiba que sim,
Eu sou seu amigo,
Pra sempre amigo
Eu sou feliz!!

É meio-dia de um fim de semana
Estava na cama mas acordei
Visto uma calça
Arrumo as malas
Pego o meu violão
Veja: estou atrás de você




E então percebi, que a paz que eu não tinha
Estava aqui dentro
E eu perdido num castelo de ilusões
Em consciência eu volto pra casa...
Pois hoje eu vivo ...


http://www.youtube.com/watch?v=pTHnStYOUMI